Ação inovadora do Ministério da Saúde leva tecnologia recomendada pela OMS para reduzir casos de dengue, zika e chikungunya em Goiás
Luziânia e Valparaíso, no entorno do Distrito Federal, serão os primeiros municípios de Goiás a participar de uma estratégia inovadora e promissora no combate à dengue, chikungunya e zika. A partir do segundo semestre de 2025, cerca de 2,2 milhões de mosquitos Aedes aegypti por semana serão liberados nessas cidades. A diferença? Eles estarão infectados com a bactéria Wolbachia, que impede a transmissão dos vírus causadores dessas doenças.
A iniciativa faz parte de um projeto coordenado pelo Ministério da Saúde, em parceria com o programa World Mosquito Program, a Fiocruz e o IBMP, e é considerada segura e eficaz pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Atualmente, essa mesma técnica é utilizada em pelo menos 14 países com resultados expressivos.
Como funciona?
A bactéria Wolbachia já está presente naturalmente em cerca de 60% dos insetos do planeta, mas não no Aedes aegypti. Ao ser inserida no organismo do mosquito em laboratório, ela passa a impedir que o inseto transmita os vírus da dengue, zika e chikungunya.
Quando esses mosquitos são liberados no meio ambiente, cruzam com os mosquitos selvagens e, com o tempo, estabelecem uma população local de Aedes com Wolbachia, reduzindo drasticamente a circulação dos vírus.
“Em dois anos, os resultados são ainda mais expressivos, mas já na primeira sazonalidade após a liberação dos mosquitos é possível perceber uma redução importante nos casos”, explica Flúvia Amorim, subsecretária de Vigilância em Saúde do estado de Goiás.
Por que Luziânia e Valparaíso?
Segundo o Ministério da Saúde, a escolha dessas cidades levou em conta dois fatores principais: o alto índice de casos das doenças transmitidas pelo Aedes e a logística de distribuição, já que ambas ficam a menos de duas horas de distância do laboratório de produção dos mosquitos, localizado em Brasília.
Ao todo, cerca de 6,5 milhões de mosquitos serão liberados por semana na região do Entorno, sendo que aproximadamente um terço (2,2 milhões) irá para Luziânia e Valparaíso, e o restante será distribuído no Distrito Federal.
Resultados comprovados em outros países
A tecnologia já demonstrou resultados impressionantes em diversos locais do mundo:
- 97% de redução dos casos de dengue na Colômbia
- 96% na Austrália
- 86% no Vietnã
- 77% na Indonésia
No Brasil, cidades como Niterói (RJ) já registraram queda de 69% nos casos de dengue, 60% de chikungunya e 37% de zika após a implantação do projeto.
Complementar, não substitutivo
Mesmo com a nova estratégia, o Ministério da Saúde reforça que a ação não substitui os métodos tradicionais de combate ao mosquito, como eliminação de criadouros, uso de repelentes e educação em saúde.
“A Wolbachia é mais uma ferramenta no combate às arboviroses. A população continua sendo parte fundamental nesse enfrentamento”, ressalta Flúvia Amorim.
Segurança garantida
A Wolbachia não causa doenças em seres humanos e não é transmitida por picadas. A liberação dos mosquitos foi aprovada por órgãos de controle e é considerada segura. A previsão é que os primeiros mosquitos com Wolbachia comecem a ser liberados ainda neste segundo semestre, antes do período de chuvas.












