A escala 6×1 é um regime de trabalho em que o trabalhador exerce suas atividades por seis dias consecutivos, seguido de apenas um dia de folga. Esse padrão é permitido pela legislação atual, já que a Constituição admite uma jornada de até 44 horas semanais, distribuídas em até seis dias. Setores como comércio, serviços, hotelaria e supermercados frequentemente adotam essa escala.
Embora seja legal, muitos argumentam que a escala 6×1 coloca em risco o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, prejudica a saúde dos empregados e gera desgaste excessivo.
Propostas em tramitação e o estágio atual no Senado / Congresso
Atualmente, há debates e proposições no Congresso sobre a possibilidade de extinguir ou reformular a escala 6×1:
- Na Câmara dos Deputados, foi protocolada a PEC 8/2025, de autoria da deputada Érika Hilton (PSOL-SP), que propõe o fim da escala 6×1 e estabelece uma jornada de quatro dias de trabalho por semana, com três dias de folga, numa carga semanal de até 36 horas.
- Também tramita a PEC 148/2015, de iniciativa do senador Paulo Paim (PT-RS), que visa reduzir gradualmente a jornada de 44 horas para 36 horas semanais, o que tornaria inviável manter a escala 6×1 em muitos casos.
- No Senado, a pauta de redução da jornada de trabalho e fim da escala 6×1 foi debatida em audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Trabalhadores defenderam que a mudança é uma questão de saúde pública e dignidade, enquanto representantes de empresas questionaram o impacto econômico.
- O apoio à proposta vai além de partidos de esquerda: uma pesquisa mostra que metade dos parlamentares manifestou concordância (44 % totalmente, 6 % parcialmente) com a ideia de mudar a escala 6×1. Porém, ainda há resistência, e para aprovar uma PEC são necessários os votos de três quintos dos parlamentares, tanto na Câmara quanto no Senado.
- Vale destacar que o Senado já autorizou para alguns servidores da Casa escalar no padrão 4×3 (quatro dias de trabalho por três de folga) para funções específicas. Essa medida simboliza que alternativas à escala tradicional são viáveis.
Por que essa mudança é importante
- Saúde do trabalhador: jornadas exaustivas estão ligadas a estresse crônico, distúrbios do sono, transtornos mentais e maior risco de acidentes de trabalho.
- Qualidade de vida e lazer: ter mais dias de descanso permite que o trabalhador cuide da família, da formação pessoal, realize consultas médicas e recupere forças.
- Produtividade: contrariamente ao que alguns temem, estudos associam jornadas mais equilibradas com maior foco, menos absenteísmo e melhor desempenho.
- Justiça social: a escala 6×1 penaliza especialmente quem depende de transporte público lotado, moradores da periferia, trabalhadores de menor renda que muitas vezes não podem optar por esquemas alternativos.
- Modernização trabalhista: o mundo caminha para jornadas menores e maior valorização do “tempo de vida”. O padrão 6×1 pode se tornar obsoleto diante dessas transformações.
Os principais obstáculos e críticas
- Resistência do setor empresarial: algumas empresas argumentam que mais folga significa menor produção ou necessidade de contratações adicionais, o que impacta o custo.
- Complexidade legal e transição: adaptar contratos, convenções coletivas, negociar redução salarial gradual ou ajustes contratuais pode ser complicado.
- Temor de desemprego: há quem diga que impor redução de jornada obrigatória pode gerar cortes de postos de trabalho em setores com margens estreitas.
- Negociação local: muitos acreditam que a mudança deveria ser feita via acordo coletivo ou convenção, e não imposta via emenda constitucional.
Por que lutar por essa mudança
Se aprovada, a reforma representaria vitória para milhões de trabalhadores que atualmente vivem no limite entre trabalho e descanso. Uma jornada mais humana fortalece a dignidade e reforça que trabalho não deve consumir a vida inteira. A mobilização social — pressão popular, apoio de sindicatos, manifestações e participação no processo legislativo — é essencial para empurrar essa pauta para além das palavras. Quanto mais cidadã for a cobrança, maiores as chances de ver mudanças estruturais.












